Aventura, contato com a natureza e convivência com comunidades caiçaras são as oportunidades que se abrem para quem visita a Ilha do Cardoso, no Litoral Sul de São Paulo, a última paragem no Estado, na fronteira com o Paraná.
A ilha faz parte do município de Cananeia, distante 265 km da Capital, de onde o turista pega uma embarcação, em geral escuna ou voadeira, para navegar por cerca de 6 km em águas estuarinas até uma das seis comunidades da ilha, onde poderá se abrigar.
As principais emoções da travessia inicial, que pode levar até três horas, dependendo do tipo de embarcação, são os golfinhos que surgem atraídos pelas marolas dos barcos na baía de Paranaguá. A população desses animais na região é estimada em 700 indivíduos, que podem ser principalmente observados em Itacuruçá, uma das oito praias da ilha, no limite Nordeste.
Conforme o barco adentra o Canal do Ararapira em direção do Sul, o turista começa a perceber a paisagem dominante na ilha e na região de entorno, marcada por manguezais, restinga e uma densa Mata Atlântica, que encobre as serras de Cananeia e as encostas da Ilha do Cardoso. Guarás, fragatas e outros pássaros podem ser facilmente observados.
A comunidade de Marujá, que reúne 55 famílias e perto de 200 pessoas, é a localidade mais conhecida da ilha, destino preferido dos cerca de 40 mil turistas que a visitam anualmente. Essa vila está assentada em uma área de restinga, na estreita faixa entre o canal e o mar na porção sul da ilha.
O turismo é a principal atividade de Marujá. As famílias de nativos abriram suas casas para os visitantes, que vão encontrar boa comida, ambientes simples e uma prosa recheada com histórias dos caiçaras, invadindo as noites enluaradas.
100% Natureza
A infraestrutura nas comunidades da Ilha do Cardoso é limitada. Não há luz elétrica e sinal de celular ou conexão de internet são coisas do outro mundo. Durante a noite, a iluminação é garantida por geradores ou baterias alimentadas por coletores de energia solar. Como a energia é restrita às moradias, em Marujá os arruamentos gramados em meio à restinga não têm iluminação e o turista precisa de uma lanterna para se deslocar.
Na vila, a conexão com o ‘mundo civilizado’ é feita por um telefone comunitário, instalado em uma pequena salinha, onde visitantes e moradores dividem suas histórias, uns cantando saudades dos que estão na metrópole, outros em busca de suprimentos ou algum serviço para o dia a dia.
Mas essas limitações são atrativos para o turista que procura a ilha, em geral jovens e famílias que querem dar um tempo na vida frenética da cidade. Durante a noite, os poucos bares seguem uma programação casual, abrindo quando há clientes. A música é de quem tem um instrumento à mão. Tudo respira a simplicidade.
Parques e Reservas
As riquezas naturais abrigadas na área de 15,1 mil hectares da ilha são preservadas graças à criação do ‘Parque Estadual da Ilha do Cardoso’, a partir de 1962. Desde então, a diretoria do parque não permite a construção de casas de veraneio, nem outras instalações de pessoas de fora da comunidade nativa, que historicamente se miscigenou com os índios da região.
Até a criação do parque, a restinga e a Mata Atlântica haviam sido alvo da ação predatória do homem. Na trilha para a Cachoeira Grande, um dos pontos de visitação, o turista vai encontrar as instalações antigas de uma serraria, que explorando a madeira local viabilizava a matéria-prima para a construção de embarcações. A restinga, por sua vez, foi vítima de empresas que pretendiam desenvolver ali empreendimentos imobiliários.
Mas nesses 50 anos de existência do parque a natureza dá mostras de sua capacidade de recuperação e o turista praticamente não nota as feridas do passado. Segundo o site da Amomar, a Ilha do Cardoso tem “200 espécies de plantas, entre elas 118 espécies de orquídeas e 41 de bromélias, além de cerca de 43 espécies de mamíferos e mais de 400 tipos de aves”.
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